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A pandemia do novo coronavírus ainda está no pico no Brasil, logo, celebrar qualquer tipo de vitória seria desumano e fora de contexto. Todavia, é possível respirar aliviado ao ver que a vida corporativa vem retomando pouco a pouco o seu fluxo.

Restaurantes já abrem parcialmente pelo país, assim como academias, comércios, shoppings e, claro, escritórios.

Nesta trilha, temos visto de um tudo: as empresas que apostam no flex office (híbrido de trabalho remoto e escritório); as que chamam seus times em definitivo; as que preferem o presencial um dia por semana e até aquelas que decidiram voltar em um mês específico (novembro ou dezembro).

Os perigos da volta, contudo, não se restringem aos locais de trabalho em si, e sim ao que os antecede: transporte público, aglomerações em plataformas de trem e metrô, ruas cheias…

Neste primeiro cenário, quem não pertence ao grupo de risco teme por seus parentes. Para estes profissionais, mesmo com todos os cuidados sendo tomados, ficar em home office segue sendo melhor e mais seguro.

Em outro cenário, estão aqueles profissionais que desejam voltar porque entendem que são mais produtivos no trabalho, na comparação com o desempenho em casa. Para estes, a prática do home office estendida pela companhia pode ser um tormento.

Perguntei a Eduardo Ferraz, um dos mais capacitados profissionais de desenvolvimento humano no país, com 30 anos de experiência em gestão, negociação e liderança, e autor do best-seller “Negocie Qualquer Coisa com Qualquer Pessoa” (Editora Planeta), qual o papel do líder em cada um dos cenários (retorno ao presencial / ‘home office para sempre’).

“As pessoas perceberam que não é a empresa que cuida delas, e sim que o cuidado é mútuo. Líderes estão compreendendo que não têm que ficar no micro-gerenciamento. As pessoas precisam ser mais autônomas e estão entendendo que conseguem. Então, a grande função do líder nessa volta, seja com seu time no presencial ou em home office, é manter esse espírito, essa chama de ‘dor de dono’, da participação, da boa vontade, da colaboração, do engajamento que as pessoas estão demonstrando durante a tormenta”, me explica Ferraz, para quem existem, na prática, cinco estilos principais de negociador: o competitivo, o cooperante, o impaciente, o perfeccionista e o sedutor.

Saber negociar em tempos pandêmicos e à distância é uma competência fundamental, uma vez que um acordo ruim prejudica o trabalho, os relacionamentos e o cotidiano da empresa.

“Não adianta dizer que ‘não é problema seu’ na tempestade, pois, se o barco afunda, morre todo mundo. Quando chegarmos em terra firme, o desafio é que as pessoas continuem mobilizadas e não voltem ao comportamento antigo. Essa é a grande função do líder: manter esse espírito de alta performance, de colaboração, de gente motivada.”

Conhecer melhor cada membro da equipe faz com que se obtenha melhores resultados, independentemente da situação, descreve Ferraz: “Warren Buffett tem uma frase famosa que diz: ‘A gente só descobre quem está nadando sem roupa depois que a maré baixa’. Pois bem, a maré baixou e as pessoas estão mostrando claramente quem são. Essa crise está sendo um excelente termômetro para o líder entender os pontos fortes e os fracos de cada um”.

Alta performance

Ser assertivo com o time e manter boas práticas estão entre os quesitos que vão ajudar no crescimento da carreira do líder. Além disso, se ele for assertivo, poderá contribuir para o desenvolvimento daqueles que são do seu time.

Na visão do autor, assertividade na prática é um meio termo entre aquele chefe rígido, de franqueza desproporcional, e o chefe que é muito passivo, que não toma decisão e deixa as coisas acontecerem por inércia. “O chefe assertivo é aquele de franqueza firme, que fala diretamente para as pessoas abrindo o jogo.”

Para manter a produtividade e potencializar a alta performance, o segredo está em não andar para trás. “O líder pode fazer diferença, inclusive com equipes enxutas, baseado no alto grau de maturidade que os funcionários estão adquirindo com a crise. A negociação então passa pela assertividade, sinceridade, pelo coração aberto.”

O “espírito de equipe” e o “sentimento de pertencimento” passam, essencialmente, por tratar as pessoas como adultas, e não como crianças. Por apresentar a situação com clareza — o nível de endividamento da empresa, quanto precisa faturar por semana e por mês para pagar as contas, salários e ainda sobreviver, como atingir novos clientes, fechar projetos, quanto precisa vender.

“O pertencimento está cada vez maior porque as pessoas estão se sentindo sócias do sucesso ou da sobrevivência da empresa, e isso precisa ser mantido. Provavelmente, os times permanecerão mais enxutos e colaborativos entre si”, afirma o autor de “Negocie Qualquer Coisa com Qualquer Pessoa”, livro que está dividido em três partes: A base (o que você precisa saber antes de negociar qualquer coisa); A preparação (como se preparar antes da negociação); e A ação (como agir quando estiver frente a frente com seu interlocutor).

“O que mais funciona para manter a alta performance é a meritocracia, que é o líder ser justo, ter regras claras, transparentes, simples. É importante fazer com que as pessoas pensem e concluam: ‘Vou dar o meu máximo porque vale a pena trabalhar aqui. Vou fazer o meu melhor porque o meu chefe é justo, correto e a empresa reconhece o meu esforço, resultado, sacrifício, e não nos deixa na mão quando a gente precisa!’”, conclui.

Os ensinamentos da pandemia da covid-19 vieram para ficar. Sairemos resilientes, fortes, disciplinados e colaborativos. Caberá ao líder, logo, manter a chama da mudança acesa quando tudo voltar ao “normal”.

Melhor dizendo, no Novo Normal.

A quarentena facilita a mudança e é uma ótima oportunidade para fazer ajustes e melhorar processos. Só que é preciso querer.

*Marc Tawil é empreendedor e estrategista de comunicação. É head da Tawil Comunicação, TEDxSpeaker, Nº 1 LinkedIn Brasil Top Voices & Live Broadcaster e host do podcast Autoperformance, na Rádio Jovem Pan. É também autor de HarperCollins Brasil, editora pela qual publicará o livro “Seja Sua Própria Marca”. Acesse o meu Canal Autoperformance no Telegram.

Ver matéria completa no site:

https://epocanegocios.globo.com/colunas/Futuro-do-trabalho/noticia/2020/08/qual-o-papel-do-lider-durante-retomada.html

A alteração do artigo sexto da Lei 12.551, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que todos os trabalhadores que executam suas atividades fora do local de trabalho, seja em casa ou à distância, passam a ter os mesmos direitos daqueles que exercem suas funções dentro das empresas. Com isso  o home office, pode ser uma alternativa ainda mais interessante tanto para empresas quanto,  principalmente, para os funcionários. Segundo o Censo 2010, realizado pelo IBGE, mais de 30 milhões de brasileiros trabalham em casa.

No entanto, para realmente ser um fator positivo é importante que a empresa tenha uma estrutura preparada para essa modalidade e a pessoa tenha o perfil adequado para esse tipo de trabalho. Segundo o consultor especializado em Gestão de Pessoas, Eduardo Ferraz,  é fundamental fazer uma análise do histórico de vida e o rastro profissional de cada candidato, evitando problemas e frustrações futuras.

Para trabalhar bem em casa, segundo o consultor, a pessoa precisa ter algumas características básicas. Entre elas, ser disciplinada, pontual, e organizada. “Se o funcionário já apresenta esse comportamento no ambiente de trabalho, ele também será assim em casa. O que vai mudar será apenas o contexto”.

O profissional que, ao contrário, precisa trabalhar em equipe, gosta de trocar ideias com várias pessoas e que é muito sociável, certamente terá dificuldades para trabalhar isolado em casa. “Mesmo que no curto prazo a alternativa se mostre atraente, em médio e longo prazo ele não vai aguentar”.

Outros problemas muito comuns enfrentados por quem opta trabalhar em home office é saber administrar a rotina e separar o público e o privado. Trabalhar com  filhos pequenos em casa pode ser muito estressante se não houver disciplina. “Os filhos sabem que o pai ou a mãe está logo ali ao lado e isso pode dificultar a concentração. O ideal é ter uma estrutura adequada, com pessoas que possam dar conta das demandas do lar,  e combinar limites e horários”. Além disso, Ferraz destaca que é importante criar uma rotina como se estivesse na empresa, separando bem os horários para as atividades pessoais e profissionais. “Ou a pessoa cai na armadilha de trabalhar as 24 horas do dia ou acha que poderá trabalhar a hora que quiser, e não ter nenhuma rotina. É preciso ter muita disciplina para evitar os extremos”.

Para evitar a perda de contato com a empresa, Ferraz sugere visitas regulares. “Você trabalha em casa, mas ainda faz parte da estrutura social e política da empresa. É importante estar atualizado e informado sobre o que está acontecendo no dia a dia da companhia. Pelo menos uma ou duas vezes na semana, vá trabalhar com a equipe no escritório para ver e ser visto”, finaliza.