Na semana passada, a dona de casa Andréa Lima da Silva foi encontrada morta na casa de máquinas de um condomínio de classe média, em Niterói. O suspeito do crime, de acordo com a polícia, seria o zelador Joelso de Souza, de 39 anos — condenado por roubo e estupro. O caso levantou o debate sobre o cuidado que os condomínios devem ter ao contratar funcionários.
— As empresas credenciadas no mercado tem um crivo na seleção. Algumas até fazem entrevistas com psicólogos para perceber se o futuro candidato tem capacidade de assumir suas funções. Sempre orientamos os síndicos para que essas empresas sejam de qualidade — afirma Cristiane Salles, gerente geral da Protel, empresa especializada em administração de condomínios .
As medidas podem reduzir o risco de que um crime como o de Niterói ocorra.
— Nada vai garantir 100% de segurança, mas (o processo) diminui o risco de encontrar uma pessoa com histórico de mau comportamento, que poderá comprometer a integridade física e patrimonial dos moradores — diz Alexandre Corrêa, vice-presidente de Assuntos Condominiais do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio).
O consultor de segurança Rodrigo Pimentel foi síndico por oito anos e dá as dicas:
– Uma entrevista criteriosa pedindo o máximo de dados, localização da casa e informações sobre família, como o número de filhos, pode evitar riscos. Peça referências criteriosas, se possível mais de duas. Quando os funcionários apresentam indícios de riqueza é um sinal de que há algo estranho. Você sabe o salário dele e ele aparece no trabalho com um smartphone que esteja fora da capacidade orçamentária. Se ele falta muito, isso pode estar relacionado ao uso abusivo de drogas e álcool.
Além disso, quando a empresa dá uma capacitação para o porteiro, orienta para que ele seja discreto e não compartilhe informações, isso tem que ser observado pelo síndico:
– Tem que observar se conversa com outros funcionários, empregados domésticos. Se perceber, orienta novamente, ou afasta.”
O consultor especializado em gestão de pessoas Eduardo Ferraz lembra que todo mundo deixa um rastro profissional:
– Se vai contratar uma faxineira que tem 30 anos, ela tem pelo menos dez de rastro. Mesmo que as pessoas mais humildes não tenham um currículo, o futuro empregador tem que estudar o rastro. Tem que perguntar: “Com que idade você começou a trabalhar? Quantos anos ficou em cada emprego? Por que saiu?”. Tem que fazer uma entrevista com o histórico de vida da pessoa. Se a pessoa tem 30 anos e já passou por 14 empregos, não contrate.
Ele lembra que, por lei, não se pode pedir antecedentes criminais (à pessoa), mas dá para pegar indiretamente:
– Se ela foi presa, dificilmente vai deixar isso escapar no meio da entrevista. Peça os telefones de dois ex-empregadores. Se a pessoa disser que não lembra ou não tem é porque tem algo errado. Se não teve problema, vai dar o telefone. Qualquer um tem direito de pegar informações do passado.

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