Ferramenta pode ser fonte de ânimo e produtividade, mas desde que não seja teórica, repetitiva e monótona, diz Eduardo Ferraz

Trabalhar sem treinar é como fazer um bolo sem receita. Algumas vezes, pode dar certo. Outras não. Se, por acaso algum resultado existe, o profissional não sabe como fez para chegar até ele, muito menos ensinar os outros integrantes da equipe. É assim que o especialista em gestão de pessoas com foco em neurociência comportamental, Eduardo Ferraz. define a importância do treinamento para o sucesso da carreira e das empresas. Em entrevista para o Correio do Povo, ele afirma que, sem uma boa metodologia, cada pessoa trabalha do seu jeito e, mesmo quando acerta, muitas vezes, não consegue repetir o resultado. Ele ainda orienta como fazer para que a ferramenta torne-se fonte de animo e produtividade.

Correio do Povo – Como as empresas ainda perdem tempo e dinheiro com treinamentos?

Eduardo Ferraz – Bons Treinamentos são fundamentais para melhorar o desempenho das pessoas e, portanto, os lucros das empresas. A perda de tempo e dinheiro se dá quando se contrata treinamentos que acrescentam pouco ao desempenho das equipes. Os treinamentos muito teóricos acabam se tornando monótonos e repetitivos e os puramente motivacionais não acrescentam quase nada em matéria de conteúdo.

CP – O que você considera que seja um treinamento ideal com tantas informações para serem absorvidas?

Ferraz – A tecnologia faz parte da forma e pode ajudar, mas o que conta de verdade é um conteúdo consistente, aplicável no dia a dia da empresa e um instrutor com excelente didática para que a teoria seja bem compreendida e aplicada. Os melhores treinamentos devem inclusive ser customizados caso a caso, levando-se em consideração as necessidades específicas de cada empresa. Um bom treinamento deve ter uma mistura equilibrada entre a teoria e a prática.

CP – Como as novas tecnologias podem ser empregadas nos treinamentos?

Ferraz – As novas tecnologias valem a pena como reforço e para o aprofundamento de conceitos mais complexos já que algumas pessoas se interessam por alguns temas específicos não aprofundados como elas gostariam. Entretanto nada substitui o treinamento presencial, onde as pessoas possam interagir entre si e fazer perguntas diretamente ao instrutor e ter direito a réplicas e debates.

CP – Como você acha que se deve medir o sucesso de um treinamento?

Ferraz – Um bom treinamento deve trazer resultados quantitativamente mensuráveis. Deve-se medir os resultados antes e depois para avaliar de fato a eficácia do que foi ensinado. Por exemplo: se a empresa contratou um curso de vendas, deve avaliar como o treinamento influenciou os resultados nas semanas seguintes. Deve-se também avaliar o conteúdo e o desempenho do instrutor anonimamente para que os participantes não fiquem constrangidos e deem sua opinião sincera.

CP – O que os treinamentos devem priorizar?

Ferraz – Os treinamentos técnicos deveriam ensinar como realizar melhor determinadas tarefas, baseando-se em metodologia amplamente testada e aprovada. Os treinamentos comportamentais deveriam explicar como e porque as pessoas aprendem de diferentes maneiras, e que estratégias deveríamos usar para públicos diversos. Treinamentos, entretanto, não mudam a cultura e os valores de uma empresa no curto prazo.

CP – Qual deve ser o perfil dos treinamentos?

Ferraz – As empresas devem contratar uma metodologia que tenha relação com a cultura e os valores da companhia para serem melhor assimilados. Empresas rígidas não aproveitam bem cursos puramente motivacionais e as muito flexíveis não se adaptam a metodologias rígidas, por exemplo. Os melhores treinamentos são aqueles desenhados sob medida para cada empresa. Os “pacotes prontos” costumam dar pouco resultado.

CP – Como deve ser feita a renovação dos treinamentos?

Ferraz – Deveria ser feita por módulos. Só se devea partir para o módulo ll quando o módulo l estiver bem compreendido e começando a dar resultados práticos. Contrata-se o módulo lll quando o l e o ll estiverem funcionando e assim por diante. Esta periodicidade dependerá da relevância do tema e da prioridade que a empresa der a ele.

CP – Como você vislumbra o futuro dos treinamentos?

Ferraz – Acho que a tecnologia avançará muito, mas assim como há 100 anos, a figura do professor com grande experiência prática, embasamento teórico, didática apurada e capacidade de adaptar o conteúdo a diferentes contextos, continuará sendo o fator mais importante dos treinamentos de sucesso.

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