As pesquisas comprovam: cada vez mais as mulheres ocupam seu espaço no mercado de trabalho. De acordo com o Rais (Relação Anual de Informações Sociais), divulgada pelo Ministério do Trabalho, em dezembro de 2011, elas representavam 41,90% dos trabalhadores com carteira assinada no país. E um levantamento da empresa Catho divulgado em 2012 concluiu que o sexo feminino representa 23,85% dos cargos mais elevados (presidentes e CEOs).
Só que ao mesmo tempo em que a mulher tem se tornado cada vez mais dona do seu próprio nariz, tem também sofrido com as consequências dessas jornadas duplas ou triplas.
Na opinião do consultor em gestão de carreira, Eduardo Ferraz, a mulher tem características diferentes do homem no campo profissional. E sempre foi assim. “Enquanto o homem é mais agressivo e fala as coisas ‘na lata’, se estressando menos, as mulheres evitam bate-boca e vão acumulando os problemas. Isso gera uma carga de insatisfação e estresse muito grande”, explica.
Neste campo pessoal o homem mais agressivo não é mal visto, bem diferente da mulher, que acaba sendo rotulada quando age da mesma forma. Além de ser uma questão comportamental é também cultural.
“Se pegarmos 50, 60 anos de história no trabalho, podemos concluir que agressividade não é defeito para o homem, mas para o sexo feminino é, o que faz com que ela evite esse tipo de comportamento guardando para si o que pensa, acumulando problemas e instabilidade emocional”, diz Eduardo.
Um ponto que precisa ser deixado bem claro é que a mulher que trabalha fora tem jornada dupla ou tripla. Ao chegar em casa depois de um dia estressante de trabalho, ela ainda vai cuidar da casa, dos filhos e dar atenção ao marido. E da mesma forma que seu chefe cobra resultados, a família lhe cobra atenção. Por esse motivo é muito tranquilo para o homem sair às 6h de casa e voltar às 22h do que para a mulher. E se o filho fica doente, normalmente é a mulher que sai do trabalho no meio do expediente para levá-lo ao médico, não o homem.
Eduardo compara os profissionais de hoje aos artistas de circo, que equilibram quatro, cinco pratos ao mesmo tempo. O homem só tem cinco pratos e sabe administrá-los. Mas a mulher tem 10, por conta das tarefas dentro de casa, e não consegue dar conta, vai deixar cair um ou mais. “É por isso que acho que a mulher deve conversar com o chefe antes de se tornar vítima da situação. Porque ela será cobrada por não ter apresentado os resultados, o que vai lhe gerar estresse, crises de choro e depressão e até mesmo uma demissão”, pensa.
A busca pela independência e pela estabilidade no mercado de trabalho vê levando as mulheres a se casar e ter filhos cada vez mais tarde. Elas querem montar uma estrutura financeira melhor antes de formar uma família. E para conseguir administrar tudo, precisa impor limites. “Geralmente os chefes aceitam esse tipo de negociação, pois a ‘ausência’ da funcionária nas horas extras e fins de semana não tem relação com falta de resultado. É apenas uma forma de administrar melhor as tarefas. Quanto mais cedo ela negociar melhor para ela”, finaliza o consultor.
Por Juliana Falcão (MBPress)
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