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Publicado em: 16/06/10

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A gaúcha Dell Anno criou um modelo incomum de universidade corporativa, em que os alunos pagam para assistir às aulas – e só participa quem quer.

Em dezembro, o paulista José Eduardo Schneider deixou seu escritório em Americana, no interior de São Paulo, e viajou para Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Um dos 80 franqueados da fabricante de móveis gaúcha Dell Anno, Schneider foi assistir às aulas finais de um curso promovido pela universidade corporativa criada pela empresa em maio do ano passado.

Participar de um compromisso como esse é relativamente comum na vida de executivos — hoje existem pelo menos 120 universidades corporativas no Brasil. A experiência de Schneider, porém, tem uma particularidade: o custo das aulas foi bancado por ele mesmo — e não pela empresa, como normalmente acontece nessas instituições.

Schneider e outros 13 franqueados da Dell Anno investiram 10 000 reais cada um nos três módulos do curso, que somaram 72 horas de aula. Feitas as contas, o preço por hora é 138 reais — cerca de quatro vezes o valor de um MBA numa escola renomada no Brasil, como a Fundação Instituto de Administração, da USP, e a Fundação Getulio Vargas. O custo é também semelhante ao de um curso na americana Harvard, pelo qual se paga o equivalente a 120 000 reais por cerca de 1 000 horas de aula na pós-graduação. “Paguei, como pagaria por uma boa pós-graduação”, diz Schneider, que possui duas lojas da marca no interior de São Paulo e já planeja a abertura de outras duas até o final deste ano. “A diferença é que esse curso é totalmente centrado no meu negócio.”

A universidade corporativa — que ganhou força a partir dos anos 80 nos Estados Unidos com a promessa de padronizar o conhecimento e acelerar a formação de profissionais dentro das empresas — em geral é vista como uma espécie de benefício recebido pelo funcionário, que aprende sem pagar nada por isso. O retorno viria na forma de profissionais mais preparados e competitivos. É assim em grandes empresas mundo afora, como no célebre centro de treinamento da General Electric, em Crotonville, nos Estados Unidos, em que funcionários de mais de 40 países são treinados todos os anos. O investimento da GE feito em Crotonville é de 1 bilhão de dólares anuais. “O modelo da universidade corporativa da Dell Anno é raro e polêmico. Mas o fato é que os alunos valorizam mais quando têm de bancar as aulas”, diz Marisa Pereira Eboli, professora da Universidade de São Paulo e especialista em universidades corporativas. Até criar a própria universidade, a empresa fazia apenas o que é comum aos fabricantes com sistema de franquias: treinamento gratuito de lojistas e gerentes de loja para ensinar padrões de venda e atendimento. Seus diretores, porém, alegam ter percebido que todo o investimento em treinamento ia pelo ralo com a alta rotatividade de funcionários nas lojas. De cada dez profissionais treinados, apenas três permaneciam na empresa nos 12 meses seguintes. “Decidimos oferecer um curso para o lojista aprender a escolher bem a equipe e tirar o melhor proveito dela”, diz Frank Zietolie, sócio e presidente do grupo Única, dono da marca Dell Anno. “O formato pago era a melhor maneira de fazer com que cada participante valorizasse o conhecimento adquirido.”

No começo, alguns franqueados estranharam a novidade. “Nunca tinha ouvido falar nesse modelo e não entendi por que teríamos de pagar”, afirma um deles. Para vencer a resistência inicial, a empresa partiu para um trabalho de convencimento. O executivo Marcelo Rossi, gerente de treinamento da Única, passou quase três meses em peregrinação pelo país para explicar o modelo aos lojistas antes do início da primeira turma. “Tivemos receio de não conseguir adesão, mas depois nos surpreendemos com a receptividade dos lojistas”, diz Rossi. A próxima turma, cujas aulas se iniciam em fevereiro, já está lotada com 16 participantes. A meta da empresa é que os donos de todas as 300 lojas da rede passem pela universidade — mas, como os cursos são pagos pelos franqueados, a inscrição é voluntária. “É claro que existe uma pressão informal para que os lojistas se inscrevam”, diz um franqueado que preferiu não se identificar. “Ficar de fora pega mal, sobretudo para quem tem alta rotatividade de funcionários e resultados ruins.”

Modelo diferente

Veja as características mais inusitadas da universidade da Dell Anno.

1. O ALUNO PAGA
O custo do curso – 10 000 reais por aluno – é bancado pelos próprios participantes

2. PARTICIPA QUEM QUER
Por enquanto, 14 dos cerca de 80 franqueados participaram dos cursos. Mas já existe uma fila de 16 interessados

3. OS ALUNOS TAMBÉM ENSINAM
Os franqueados apresentam os próprios avanços para que os demais copiem as melhores idéias
Fontes: empresa e lojistas

O programa, desenvolvido pelo consultor paranaense Eduardo Ferraz, responsável pelos demais treinamentos da Dell Anno há uma década, é quase todo voltado para a operação. Nas salas de aula, os alunos aprendem a contratar funcionários e a aumentar a lucratividade das lojas, por exemplo. Além disso, aqueles cujas lojas apresentam melhor desempenho ensinam os colegas a melhorar as vendas. É o caso do programa de fidelidade para vendedores criado pelo pernambucano Dilamar Galanhol, dono de quatro lojas em Recife, que dá prêmios em dinheiro aos funcionários que cumprem suas metas de venda — a idéia (que não pode ser considerada exatamente uma inovação mundial) já foi adotada por outros dois franqueados. Alguns deles creditam melhorias nos resultados às técnicas ensinadas na universidade corporativa. É o caso de José Luis Rodrigues. Segundo o empresário, suas sete lojas, localizadas no Paraná, dobraram o faturamento desde maio, quando ele começou a fazer o curso. “O curso exige um investimento inicial, mas é uma fórmula em que os dois lados saem ganhando”, diz Rodrigues.

Publicado em: 03/01/10

Passado o susto da “maior crise econômica” desde a década de 1930, gostaria de comentar neste artigo a tese de um cientista que de alguma forma previu estas turbulências e pode nos ajudar a evitar” crises pessoais” e a como entrar com o pé direito num 2010 que têm perspectivas de ser um ano muito bom.

O nome é Daniel Kahneman, ganhador do Nobel de Economia de 2002 por seus estudos sobre a irracionalidade nas decisões de consumo e investimentos. Foi primeira vez (e provavelmente única) que o Nobel de economia foi dado para um psicólogo.

A tese de Kahneman baseada em mais de 30 anos de estudos, chama-se Prospect Theory”Teoria das possibilidades de sucesso futuro. Segundo ele, as falhas e distorções em nossos processos decisórios são regra, não exceção. Kahneman afirma:

“… Pensar direito (rigorosamente) em situações que envolvam riscos, não é natural. Geralmente nos damos por satisfeitos com avaliações superficiais e isso independe do nível de preparo intelectual da pessoa”.

Uma das distorções evidentes na maioria das pessoas é a de exagerar quanto aos próprios talentos. Num dos estudos de Kahneman com milhares de universitários quando lhes foi pedido que se avaliassem em relação aos colegas, 70% disseram que estavam acima da média em capacidade de liderança, enquanto apenas 2% se julgaram abaixo da média. Ao avaliarem sua capacidade de se relacionar com os outros, 60% se consideraram entre os 10% melhores na área, e 25% se incluíram no 1% superior. Resultados parecidos se repetiram em outras centenas de experimentos. A tendência quase universal é que as pessoas assumam o crédito pelos resultados positivos e atribuam os resultados negativos a fatores externos, não importa qual seja sua causa verdadeira.

Na média, as pessoas crêem serem mais honestas, capazes, inteligentes, corteses e justas do que as outras. Dão a elas mesmas maior responsabilidade por seus sucessos e menor por seus fracassos. As ilusões levam as pessoas a verem o mundo não como é, mas como gostariam que fosse.

A explicação de Kahneman é que isto acontece porque temos dois sistemas de pensamento: o “sistema 1” e o “sistema 2”.

SISTEMA 1: Quando estamos nesse “modo de ação”, as decisões que fazemos são rápidas, sem esforço, e potencializadas por emoções. São determinadas pelo hábito. Ao fazermos escolhas baseadas no sistema 1, tomamos decisões precipitadas e muitas vezes ruins.

SISTEMA 2: é o sistema de pensar baseado no raciocínio. É consciente, deliberado, analítico, lógico, racional. É mais lento, exige esforço, mas pode ser controlado. O que diferencia os dois sistemas é o esforço envolvido. O sistema 2 dá mais trabalho, mas é muito mais seguro, principalmente em situações de risco.

Coragem – afirma Kahneman – é uma disposição de correr o risco uma vez que se conhecem as probabilidades. Excesso de otimismo significa estar correndo um risco desnecessário porque não se conhecem as probabilidades. Existe grande diferença”.

A maior parte dos Graves problemas nas empresas bem como as crises mundiais é causada por pessoas dominadas pelo sistema 1: Investimentos precipitados, contratações intempestivas, planos audaciosos sem análise de riscos, endividamento baseado em cenários otimistas, excesso de alavancagem (dever muito acima do patrimônio). Os problemas pessoais idem.

Muitas pessoas tem a esperança que um livro ou uma palestra possam mudar sua vida! Não que ser otimista ou pensar positivo seja ruim, o problema é que pouca gente se dispõe a investir tempo no sistema 2, que como dissemos apesar de gerar resultados mais seguros, dá muito mais trabalho.

Fica para encerrar uma mensagem positiva – mas realista: Que tal aliar nossa experiência intuitiva, a velocidade de decisões (sistema 1), com o que a lógica e a análise nos dá de melhor (sistema 2)?

Trabalho igual ao dos outros gera resultados parecidos.

Sucesso requer planejamento, esforço, dedicação e trabalho mais intenso do que a média das empresas e pessoas faz.

Portanto já que pelo jeito a economia vai ajudar (mas vai ajudar a todo mundo) para um 2010 realmente melhor, seria bom usar muito mais o sistema 2 tanto no planejamento quanto na execução.

Se você gostou deste artigo, um “bom Sistema 2” em 2010.

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Publicado em: 07/03/09

O que determina o sucesso profissional, dentro ou fora das empresas, não é apenas o currículo, mas o resultado da equação: Perfil + talentos + atitudes que cada pessoa possui. Todo mundo sem exceção deixa um rastro durante a vida e este rastro passado mostra uma clara tendência futura. A personalidade ao contrário do que muitos dizem é relativamente previsível. “Lagartixa não vira jacaré”. Fazendo as perguntas certas e checando a veracidade das respostas é possível prever com boa margem de acerto o futuro profissional de qualquer um.

Elaborei um questionário bem humorado para você avaliar como será sua perspectiva na carreira.

1- Você conhece seus pontos fortes (aquelas atividades em que você se destaca naturalmente) na vida profissional?

a- Não tenho ponto forte.

b- Não tenho certeza, mas desconfio.

c- Conheço mas não os utilizo no trabalho atual.

d- Conheço e uso meus pontos fortes na maior parte do tempo.

2- Quando seu chefe aparece com algum problema sério em seu departamento, e pede um voluntário para resolver, normalmente o que você faz?

a-  Sai de fininho.

b-  Sugere que um colega (qualquer colega) resolva.

c-  Se alguém pedir você ajuda a resolver.

d-  Toma a iniciativa e procura resolver o problema.

3-  Como é seu network (rede de relacionamentos)?

a- Péssimo, acho isso pura frescura.

b- Mais ou menos, me falta tempo.

c- É bom, mas restrito a pessoas na área em que trabalho.

d- É excelente, conheço pessoas interessantes de diferentes áreas.

4- Com qual frequência você procura soluções diferentes (e consegue) para alcançar melhores resultados em seu trabalho?

a-  Quase nunca (não sou pago para isso).

b-  Quando a coisa aperta.

c-  Quando sobra tempo eu consigo.

d-  O tempo todo.

5- Quão dedicado você tem sido nos empregos que teve, quando comparado a pessoas de sua área de atuação?

a-  Pouco (não vale a pena se matar por ninguém).

b-  Na média.

c-  Acima da média se valer a pena.

d-  Muito acima da média.

6- Quanto você estuda por ano (faculdade, pós-graduação, idiomas) quando comparado à média das pessoas em sua área de atuação.

a- Abaixo da média, odeio estudar.

b- Acho que na média (mas não tenho certeza).

c- Acima da média (mas não tenho certeza).

d- Acima da média (com certeza absoluta).

7- Com relação à média de mercado em sua profissão, como são seus resultados?

a- Abaixo da média e não ligo.

b- Na média (mas pretendo melhorar).

c- Acima da média (mas depende do mês).

d- Quase sempre acima da média.

8- Qual sua convicção sobre estar na profissão certa?

a- Tenho certeza que estou na profissão errada.

b-  Não sei ao certo.

c-  Acho que estou na profissão certa (mas às vezes bate uma dúvida).

d- Tenho convicção que estou na profissão certa.

9- O que as pessoas costumam comentar a respeito de seu trabalho?

a-  Que é fraco (mas é tudo gente invejosa).

b-  Pensando bem, comentam pouco.

c-  Dizem que sou bom no que faço.

d-  Dizem que sou muito bom no que faço (mas não estou satisfeito).

10- Com que frequência você é  convidado a trabalhar em outras empresas.

a- Nunca (mesmo porque acho isso trairagem).

b- Muito raramente.

c- Recebo algumas “sondagens”, mas nada concreto.

d- Recebo propostas tentadoras com alguma frequência.

É claro que você percebeu quem não há “pegadinhas” e que este questionário depende totalmente de sua sinceridade para que haja um real diagnóstico.

Pontos por alternativas:

  1. 1 pontos
  2. 4 pontos
  3. 7 pontos
  4. 10 pontos

10 a 30 pontos

Você veio ao mundo a passeio…

Ou odeia o que faz. A previsão sobre seu futuro profissional é que se ele ainda existe deixará de existir em breve. Se você não se coçar muito rápido, não vai dar mais tempo de voltar ao mercado.

31 a 60 pontos

Parabéns! Você é o melhor dos ruins (e o pior dos bons)!

Você está na média baixa do mercado. Esforça-se para o gasto, estuda para o gasto, se dedica para o gasto. Só está empregado por que ainda não acharam ninguém para seu lugar.

As pessoas às vezes acham que pode aparecer uma chance de ouro na carreira. Em seu caso se aparecer você provavelmente não conseguirá mantê-la. A previsão é de declínio em sua carreira. Se não gosta do que faz é hora de procurar outra profissão e se dedicar bastante a ela.

61 a 80 pontos

Passou por média, mas não garantiu nada.

Você está na média mais alta de mercado. Ainda se destaca dos demais. Muitas pessoas são contratadas pelo bom currículo e ficam limitadas pelas atitudes. A pessoa tem talento para a função, mas… é indolente, ou tem dificuldade em cumprir horários, ou trabalha mal em grupo, ou não consegue ser proativa, ou é desagregadora ou tudo isso junto. Procure prestar atenção em suas atitudes no dia-a-dia. Se você quiser um futuro profissional entre os melhores, terá que se esforçar ainda mais.

81 a 100 pontos

Você faz parte da elite profissional.

Seja qual for sua profissão, você deve ser muito bom no que faz. Se ainda não é muito requisitado, se mantiver esta média por mais alguns anos, certamente será. As empresas que buscam alta performance, estão desesperadamente atrás de pessoas como você!

Não é fácil chegar aonde você chegou, mas ainda dá para fazer muito mais. Persevere!

Para concluir: Algum talento todo mundo tem. O principal desafio é descobrir quais são seus talentos  e aperfeiçoá-los.  Se aliar boas atitudes a isso, nunca lhe faltará trabalho, emprego, bico ou o que achar melhor.

Não se engane, não existem atalhos. Conheço gente que se esforça por seis meses e espera resultados espetaculares, se não acontece (normalmente demora) a pessoa desanima. No curto prazo alguma “esperteza” até faz sucesso, mas no longo prazo vencem os mais dedicados/talentosos.

Se você investir muito do seu tempo nesta análise, com certeza seu futuro profissional estará “previsivelmente” garantido.

Bom futuro!

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A gaúcha Dell Anno criou um modelo incomum de universidade corporativa, em que os alunos pagam para assistir às aulas – e só participa quem quer

Em dezembro, o paulista José Eduardo Schneider deixou seu escritório em Americana, no interior de São Paulo, e viajou para Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Um dos 80 franqueados da fabricante de móveis gaúcha Dell Anno, Schneider foi assistir às aulas finais de um curso promovido pela universidade corporativa criada pela empresa em maio do ano passado. Participar de um compromisso como esse é relativamente comum na vida de executivos — hoje existem pelo menos 120 universidades corporativas no Brasil. A experiência de Schneider, porém, tem uma particularidade: o custo das aulas foi bancado por ele mesmo — e não pela empresa, como normalmente acontece nessas instituições. Schneider e outros 13 franqueados da Dell Anno investiram 10 000 reais cada um nos três módulos do curso, que somaram 72 horas de aula. Feitas as contas, o preço por hora é 138 reais — cerca de quatro vezes o valor de um MBA numa escola renomada no Brasil, como a Fundação Instituto de Administração, da USP, e a Fundação Getulio Vargas. O custo é também semelhante ao de um curso na americana Harvard, pelo qual se paga o equivalente a 120 000 reais por cerca de 1 000 horas de aula na pós-graduação. “Paguei, como pagaria por uma boa pós-graduação”, diz Schneider, que possui duas lojas da marca no interior de São Paulo e já planeja a abertura de outras duas até o final deste ano. “A diferença é que esse curso é totalmente centrado no meu negócio.”

A universidade corporativa — que ganhou força a partir dos anos 80 nos Estados Unidos com a promessa de padronizar o conhecimento e acelerar a formação de profissionais dentro das empresas — em geral é vista como uma espécie de benefício recebido pelo funcionário, que aprende sem pagar nada por isso. O retorno viria na forma de profissionais mais preparados e competitivos. É assim em grandes empresas mundo afora, como no célebre centro de treinamento da General Electric, em Crotonville, nos Estados Unidos, em que funcionários de mais de 40 países são treinados todos os anos. O investimento da GE feito em Crotonville é de 1 bilhão de dólares anuais. “O modelo da universidade corporativa da Dell Anno é raro e polêmico. Mas o fato é que os alunos valorizam mais quando têm de bancar as aulas”, diz Marisa Pereira Eboli, professora da Universidade de São Paulo e especialista em universidades corporativas. Até criar a própria universidade, a empresa fazia apenas o que é comum aos fabricantes com sistema de franquias: treinamento gratuito de lojistas e gerentes de loja para ensinar padrões de venda e atendimento. Seus diretores, porém, alegam ter percebido que todo o investimento em treinamento ia pelo ralo com a alta rotatividade de funcionários nas lojas. De cada dez profissionais treinados, apenas três permaneciam na empresa nos 12 meses seguintes. “Decidimos oferecer um curso para o lojista aprender a escolher bem a equipe e tirar o melhor proveito dela”, diz Frank Zietolie, sócio e presidente do grupo Única, dono da marca Dell Anno. “O formato pago era a melhor maneira de fazer com que cada participante valorizasse o conhecimento adquirido.”

No começo, alguns franqueados estranharam a novidade. “Nunca tinha ouvido falar nesse modelo e não entendi por que teríamos de pagar”, afirma um deles. Para vencer a resistência inicial, a empresa partiu para um trabalho de convencimento. O executivo Marcelo Rossi, gerente de treinamento da Única, passou quase três meses em peregrinação pelo país para explicar o modelo aos lojistas antes do início da primeira turma. “Tivemos receio de não conseguir adesão, mas depois nos surpreendemos com a receptividade dos lojistas”, diz Rossi. A próxima turma, cujas aulas se iniciam em fevereiro, já está lotada com 16 participantes. A meta da empresa é que os donos de todas as 300 lojas da rede passem pela universidade — mas, como os cursos são pagos pelos franqueados, a inscrição é voluntária. “É claro que existe uma pressão informal para que os lojistas se inscrevam”, diz um franqueado que preferiu não se identificar. “Ficar de fora pega mal, sobretudo para quem tem alta rotatividade de funcionários e resultados ruins.”

Modelo diferente
Veja as características mais inusitadas da universidade da Dell Anno
1. O ALUNO PAGA
O custo do curso – 10 000 reais por aluno – é bancado pelos próprios participantes
2. PARTICIPA QUEM QUER
Por enquanto, 14 dos cerca de 80 franqueados participaram dos cursos. Mas já existe uma fila de 16 interessados
3. OS ALUNOS TAMBÉM ENSINAM
Os franqueados apresentam os próprios avanços para que os demais copiem as melhores idéias
Fontes: empresa e lojistas

O programa, desenvolvido pelo consultor paranaense Eduardo Ferraz, responsável pelos demais treinamentos da Dell Anno há uma década, é quase todo voltado para a operação. Nas salas de aula, os alunos aprendem a contratar funcionários e a aumentar a lucratividade das lojas, por exemplo. Além disso, aqueles cujas lojas apresentam melhor desempenho ensinam os colegas a melhorar as vendas. É o caso do programa de fidelidade para vendedores criado pelo pernambucano Dilamar Galanhol, dono de quatro lojas em Recife, que dá prêmios em dinheiro aos funcionários que cumprem suas metas de venda — a idéia (que não pode ser considerada exatamente uma inovação mundial) já foi adotada por outros dois franqueados. Alguns deles creditam melhorias nos resultados às técnicas ensinadas na universidade corporativa. É o caso de José Luis Rodrigues. Segundo o empresário, suas sete lojas, localizadas no Paraná, dobraram o faturamento desde maio, quando ele começou a fazer o curso. “O curso exige um investimento inicial, mas é uma fórmula em que os dois lados saem ganhando”, diz Rodrigues.

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